segunda-feira, dezembro 11, 2017

Bola de Ouro

O meu artigo desta semana no zerozero.

Num cada vez mais incontornável sinal dos tempos, em que a componente comercial se impõe tantas vezes à componente desportiva, é normal que a atribuição de prémios ao desempenho desportivo se venha multiplicando porque cada evento de entrega do respectivo troféu é a oportunidade mais uns bons negócios.
Televisivos, de imagem, de marcas e tudo o mais que se proporcione.
Talvez por isso, talvez por outras razões, a FIFA e a revista “France Football” depois de durante alguns(poucos) anos terem unificado as respectivas escolhas do melhor jogador mundial de cada ano, atribuindo-lhe a deseja da “Bola de Ouro”, voltaram a separar as escolhas organizando cada instituição a respectiva gala de entrega do troféu com os respectivos e nada depreciáveis proventos económicos.
Correndo-se o risco de um destes anos mais próximos as escolhas recairem sobre jogadores diferentes porque o universo eleitoral também é diferente.
Mas para já não aconteceu pelo que os “papa troféus” Ronaldo e Messi vem açambarcado em simultâneo os dois prémios não dando a minima hipótese de qualquer outro jogador ser distinguido.
Devo dizer, por coerência, que não tendo qualquer duvida que nestes ultimos dez (!!!) anos o  português e o argentino foram os melhores jogadores do planeta continuo a entender que há sempre um enorme grau de subjectividade na escolha do “melhor” porque os juris olham com mais atenção para determinados aspectos-os golos por exemplo- do que para outros o que torna virtualmente imposssível um guarda redes repetir o feito de Yashin e vencer o troféu de melhor do mundo seja na versão FIFA seja na versão France Football.
É verdade que “sal” do futebol é o golo e que o objectivo de qualquer equipa, em qualquer jogo, é marcar mais golos do que o adversário mas o futebol não se esgota nessa componente e há outras que merecem mais atenção do que aquela que normalmente lhes é dada.
E não tomando as já referias “dores” de nomes grandes do futebol como Gianluigi Buffon, Peter Schmeichel , Manuel Neuer , Iker Casillas ou Michel Preud´homme que nunca ganharam (nem ganharão para os que ainda jogam) um desses troféus porque jogam do lado “errado” da baliza e a sua função é impedir golos custa-me ver que jogadores soberbos como foram Maldini, Xavi, Pirlo, Roberto Baggio ou Francesco Totti entre outros passaram ao lado dessa distinção individual que bem mereciam.
E se a questão se põe desta forma em relação aquele que todos os anos é eleito o “melhor do mundo” (pois é, só pode ser um) há uma outra eleição em que não entro, nunca entrarei, nem sequer concordo que se faça que é a do melhor jogador de todos os tempos.
Pela simples razão de que os tempos não são comparáveis.
E se os melhores do mundo da actualidade tem bases de comparação porque jogam nos mesmos estádios, nas mesmas competições, com idênticas formas de preparação, com bolas,equipamentos e botas equiparáveis, com medicina desportiva igual para todos, já essa comparação é impossível de fazer quando se quer escolher entre jogadores que tiveram o seu tempo em épocas muito diferentes em todos os aspectos.
Não se podem comparar os tempos de Di Stéfano e Kubala com os de Pélé e Eusébio, os destes com os de Cruyff e Beckenbauer, os de Maradona e Van Basten com os de Ronaldo e Ronaldinho e os destes com os de Messi e Cristiano Ronaldo entre outros exemplos possíveis. E por isso, do meu ponto de vista, nunca será possível dizer com rigor quem foi o melhor de sempre.
Mas os melhores da última década isso pode.
Ronaldo e Messi.
Cinco bolas de ouro para cada um, cinco distinções da FIFA de “melhor do mundo” igualmente para cada um deles e a certeza que estes dois génios ficarão na História do futebol como dois dos melhores de sempre (quanto a isso creio que ninguém tem duvidas) a pisarem relvados de futebol.
E a certeza de que dificilmente o futebol voltará a assistir a uma década em que dois jogadores prodigiosos mantenham semelhante disputa por troféus individuais ainda por cima com uma divisão entre eles irmamente feita.
Não sei se a quinta “Bola de Ouro” de Ronaldo encerra este ciclo fabuloso de disputa entre eles, com largo benefício de quem gosta de futebol, ou se o futuro ainda trará mais conquistas individuais para um e outro enriquecendo palmarés já de si tão ricos.
Em qualquer das circunstâncias creio que todos quantos gostam de futebol tem boas razões para se sentirem gratos por tudo que estes dois jogadores nos tem proporcionado ao longo desta década extraordinária e boas razões para terem uma expectativa bem positiva por tudo quanto ainda nos poderão dar nos próximos anos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Dr. Luis Cirilo :
Peço desculpa pois não tem nada a ver com este post mas queria perguntar-lhe que é feito do nosso companheiro Quim Roscas pois já tenho saudades das suas intervenções.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Lembra bem.
O Quim Roscas há muito tempo que não aparece por aqui e é pena porque fazia excelentes comentários.
Infelizmente não sei quem é e por isso nem sei se é vivo ou morto. Esperemos que vivo é claro