sexta-feira, novembro 11, 2016

As "Minhas" Câmaras (2) - Esposende

A Câmara de Esposende é, de há muitos anos a esta parte, um "passeio" para o PSD no que toca à disputa da sua liderança.
Depois de o CDS ter vencido as quatro primeiras eleições autárquicas a partir de 1989 foi sempre o PSD a vence-las com maiorias absolutas confortáveis e elegendo cinco vereadores contra dois da oposição do CDS e do PS.
As excepções foram 1989, ano da primeira vitória do PSD em que este elegeu quatro vereadores e o CDS três, e 2005 em que o PS conseguiu eleger dois vereadores, o CDS um e o PSD descendo para quatro manteve a maioria absoluta.
A esse domínio do PSD estão associados dois nomes.
Alberto Figueiredo e João Cepa.
O primeiro conquistou a câmara em 1989 e a ela presidiu até 1999 altura em que por vontade própria deixou funções e o segundo assumindo a presidência com a saída do antecessor venceu três eleições consecutivas deixando a presidência do município, por força da lei de limitação de mandatos, em 2013 altura em que o seu vice presidente, Benjamim Pereira, garantiu mais uma vitória do PSD com o habitual resultado de 5-2 em termos de vereadores eleitos.
Alberto Figueiredo deixou como marca do seu exercício uma imagem de competência, de seriedade e de humanismo reconhecido por todos quantos com ele trabalharam, e pelos munícipes na sua generalidade, enquanto  João Cepa teve como principais marcas dos seus exercícios a capacidade de decidir e uma visão pioneira em termos de apostas que se revelaram acertadas como, por exemplo, na área do Ambiente.
A cerca de um ano das eleições, e num cenário como o atrás escrito, parece que para o PSD as eleições autárquicas serão um caminho atapetado de... laranjas (porque de rosas podia ter outras leituras) até porque do lado da oposição tradicional não parece vir risco de maior.
Os actuais vereadores João Nunes (PS) e Berta Viana (CDS) que , honra lhes seja feita, fizeram uma oposição inteligente, sensata e construtiva tudo indica que não repetirão as candidaturas pelo que os respectivos partidos terão de encontrar novos candidatos e reiniciar um processo de construção de alternativas políticas.
É verdade que do lado do poder também há uma ou outra fragilidade chamemos-lhe assim:
Há muitos projectos, ideias, parcerias em construção mas obra no terreno é relativamente pouca e isso tem merecido alguns reparos dos cidadãos e dos autarcas de freguesia que, como é natural, querem sempre mais e melhor.
Depois há este ou aquele erro partidário, mais ou menos escusado, de que avultam especialmente dois: 
Uma nova comissão política concelhia composta exclusivamente por homens (nem uma só mulher) o que vai contra os sinais do tempo e será certamente explorado pela oposição junto do eleitorado feminino que não compreenderá esta discriminação.
E a ausência na nova comissão política do até agora seu vice-presidente, Rui Pereira, um dos vereadores mais reconhecidos pelo seu trabalho e ligação às populações.
Não sei (nem quis perguntar embora pudesse tê-lo feito) se a ausência se deve a recusa do próprio ou a não ter sido convidado mas não tenho a mínima duvida que a sua ausência é uma fragilidade que só o tempo permitirá aferir da dimensão.
No plano partidário e no plano autárquico.
Mesmo com esta ou aquela fragilidade, com este ou aquele erro, parece-me que a vitória do PSD e a manutenção da maioria absoluta serão uma realidade,com mais ou menos votos, se nela não interferir um enorme "se".
Um "se" chamado João Cepa.
O anterior presidente, que apoiou a candidatura de Benjamim Pereira mas dele rapidamente se afastou (um parêntesis para referir que nunca percebi se João Cepa não é hoje presidente da assembleia municipal porque não foi convidado ou sendo não aceitou) , tem vindo a assumir progressivamente criticas à gestão municipal e não esconde que gostaria de voltar a um lugar onde entende não ter concluído o projecto político que durante catorze anos corporizou.
E se João Cepa for candidato o panorama pode sofrer drásticas alterações.
Deixou uma boa imagem nos munícipes, tem lealdades no PSD e na Câmara que são importantes, contará certamente com apoios nos autarcas de freguesia que com ele trabalharam mais de uma década.
Resta saber se será candidato.
E se o for se será como independente ou por um pequeno partido (que lhe evitará a maçada de ter de arranjar as assinaturas necessárias a uma candidatura independente) ou, se como se vai ouvindo aqui e ali, liderará como independente uma lista do PS ou do CDS (hipótese que me parece bem mais provável) o que o tornará numa candidatura perigosíssima para o PSD.
Porque se na primeira das hipóteses põe claramente em risco a maioria absoluta do PSD ,embora seja difícil  mais do que isso, já na segunda pode perfeitamente ambicionar a vencer as eleições porque contando com uma máquina partidária e uma base eleitoral que já existe pode naturalmente adicionar-lhe a sua mais valia pessoal e construir um resultado ganhador.
Em conclusão:
Nas autárquicas de 2017  sem João Cepa o triunfo do PSD, como habitualmente, não terá história.
Com João Cepa candidato então haverá certamente história, muitas histórias e o resultado torna-se imprevisível!
Depois Falamos.

2 comentários:

Manuel Miranda disse...

O problema que temos em Esposende é que o arq. Benjamim Pereira está deslumbrado com ele próprio e acha que os municipes/eleitores estão igualmente encantados.
Grande erro dele que lhe pode sair caro.
Porque além dessa brutal calinada de marginalizar as mulheres na comissão politica ele não tem ligado nenhum ao partido que está completamente anémico e sem actividade. Foram dois anos de inacreditável paralisação.
E na Câmara que fez ele?
Muito paleio, muitos projetos,muitas promessas mas obras no terreno não se veem e o povo sabe disso. Ou ele acha que esse ridículo canal que quer fazer e não resolve problema nenhum lhe vai dar votos?
Não dá de certeza.
E depois é o resto.
Os municipes que esperam meses por uma audiência, a desmotivação dos funcionários que deixaram completamente de acreditar nele face a tantas promessas por cumprir, as avenças inexplicáveis a alguns como o ex diretor juridico ou o jornalista que veio biscatar a Esposende, o chefe de gabinete que politicamente ainda nem saiu do infantário enfim erros atrás de erros e disparates atrás de disparates.
O seu artigo é um bom alerta que ele devia ler e pensar bem pensado. Mas o estado de deslumbramento em que vive não permite ouvir/ler ninguém. É ele, ele e só ele.
Se como diz Cepa for pelo CDS (pelo PS não acredito)e Rui Pereira com ele como se percebe nas entrelinhas do seu texto então o PSD pode dizer adeus à Câmara de Esposende. E Benjamim voltará para Forjães como um novo Calimero queixando-se de injustiças dos eleitores de que todos sabemos ser ele o único culpado.

Manuel Miranda (munícipe completamente desiludido)

luis cirilo disse...

Caro Manuel Miranda:
Refere um conjunto de circunstâncias que não são de meu conhecimento e portanto sobre elas não me pronuncio.
Nomeadamente o estado de insatisfação de municipes, funcionários e outros face à gestão camarária.
Agora,isso sim, reitero que uma candidatura de João Cepa pelo CDS ou pelo PS terá nefastas consequências para o PSD e poderá por em causa a maioria ou até a presidência do município.
Quanto ao vereador Rui Pereira, de quem ouço boas referências a muita gente, é um quadro político cujo apoio não devia ser depreciado porque é dos poucos politicosm em Esposende que tem peso próprio.`
Pode ler votos se quiser.