sábado, julho 30, 2016

Dúvida...

Confesso que nesta altura do "campeonato" não sei quem vai ganhar as eleições e ser presidente dos Estados Unidos.
E ter essa dúvida, face ás opções existentes, já é suficientemente horrível.
Olhando os dois candidatos parece-me evidente, a mim europeu, que Hillary Clinton é de longe a melhor opção e a única que está realmente preparada para ser presidente da maior potência mundial a partir de 2017.
Pelas qualidades pessoais, pela preparação e experiência política, pelo programa que quer cumprir, pela visão que tem sobre o que o mundo deve ser.
Mas o eleitorado americano tem especificidades muito próprias.
E valoriza aspectos e propostas que a nós europeus desagradam (e até chocam nalguns casos) mas para eles são importantes e merecedores do voto e daí Trump ser hoje o candidato do partido republicano e não qualquer outro dos que concorreram ás primárias.
O seu discurso "musculado", altamente demagógico e xenófobo quanto baste agrada a vastos sectores, nomeadamente da chamada "América profunda" que veem na sua concretização a melhor solução para muitos dos problemas que afectam a América e o mundo.
Estão,é claro, enganados mas essa é a nossa opinião e não a deles que é a que interessa porque são eles que votam.
E as divisões do partido republicano com figuras proeminentes, desde logo os ex presidentes George Bush e George W.Bush, a demarcarem-se do candidato e a nem sequer comparecerem na convenção embora possam ter algum efeito eleitoral ainda assim não serão suficientes para garantir a não eleição de Trump.
Até porque do lado democrata, pese embora as presenças e discursos na convenção de Barak Obama e Bill Clinton (não sei se Jimmy Carter, agora com 91 anos, lá esteve também)presidente e ex presidente,bem como de Michelle Obama que fez um grande discurso e de quem ouviremos falar em futuras convenções, também existem divisões centradas nalguns inconformados apoiantes de Bernie Sanders (que fez um claro apelo à unidade) que se recusam a apoiar Hillary.
Por outro lado há a situação mundial que também pesará.
E aí não tenho duvidas que o terrorismo é um "apoiante" de Trump.
Porque a cada novo atentado,seja na Europa, no Médio Oriente, em África, contribui para que muitos americanos se convençam que em Trump há um "Rambo" e que é pela aplicação indiscriminada da força que os problemas se resolvem.
Evidentemente que um grande atentado nos EUA pesará a dobrar nessa decisão de votar no candidato republicano.
E os terroristas sabem disso.
Como sabem que o que lhes interessa ,em ordem a espalharem o terror pelo mundo, é que os EUA intervenham militarmente, "à bruta", de maneira a criarem por todo o lado um sentimento anti americano, anti europeu, anti civilização e anti democracia.
Espero que a campanha dos democratas, a prestação de Hillary nos debates com Trump, o bom senso e a racionalidade prevaleçam e os americanos acabem por eleger a candidata democrata para a presidência.
Mas infelizmente tenho duvidas que as sondagens contribuem para as adensar.
Esperemos que tudo corra pelo melhor.
Depois Falamos.

6 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Mesmo a pitia-sacerdotisa-de-delfos não pára de coçar a cabeça à procura duma resposta! O que é incrível é que o país dos managers, dos Bil Gates, Lee Iaccoca, Steve Jobs, Warren Buffet, Ford, Apple, Google etc., etc., só pode propor candidatos desta medíocre qualidade, sobre o nome dos quais existe uma maioria de cidadãos para pensar que são desonestos, racistas, xenófobos, nulos, perigosos para a paz, e tudo o mais!!!

Podemos encontrar uma explicação quando vemos como se passam as coisas no planeta: nos Estados Unidos, as estruturas do poder (públicas e privadas) decidem o que elas querem que o resto do mundo faça. Comunicam os seus votos para os canais oficiais e oficiosos, e contam sobre uma cooperação automática.
Se a cooperação não intervém imediatamente, aplicam pressões politicas, económicas e financeiras. Se isso ainda não produz o resultado esperado, tentam então de mudar o regime através duma revolução de côr, golpe de estado militar ou organizando e financiando uma insurreição conduzindo a ataques terroristas e à guerra civil, na nação recalcitrante.

Se isso também não funciona, bombardeiam o país reduzindo-o à idade da pedra. E é assim que isso funcionou nos anos de 1990 a 2000, mas uma nova dinâmica emergiu ultimamente.

O novo presidente ou presidenta vai ter que viver noutro planeta.

Podemos encontrar uma explicação quando vemos como se passam as coisas no planeta: nos Estados Unidos, as estruturas do poder (públicas e privadas) decidem o que elas querem que o resto do mundo faça. Comunicam os seus votos para os canais oficiais e oficiosos, e contam sobre uma cooperação automática.

Se a cooperação não intervém imediatamente, aplicam pressões politicas, económicas e financeiras. Se isso ainda não produz o resultado esperado, tentam então de mudar o regime através duma revolução de côr, golpe de estado militar ou organizando e financiando uma insurreição conduzindo a ataques terroristas e à guerra civil, na nação recalcitrante.

Se isso também não funciona, bombardeiam o país reduzindo-o à idade da pedra. E é assim que isso funcionou nos anos de 1990 a 2000, mas uma nova dinâmica emergiu ultimamente.

O novo presidente ou presidenta vai ter que viver noutro planeta. E quando vejo a personalidade dos dois candidatos, tenho frio nas costas.

(Continua)

Joaquim de Freitas disse...

(Suite e fim)


Os EUA decidem o que querem que a Rússia faça, esperando uma cooperação automática. Os Russos dizem”Niet”.
Os EUA passam às etapas indicadas mais acima, excepto os bombardeamentos, por causa do poder da dissuasão nuclear Russa. A resposta resta “Niet”.

No assunto Snowden os americanos exigiram a sua extradição. Os Russos disseram “Niet”, a nossa Constituição não o permite. Comicamente, os americanos pediram que mudem a constituição. Os Russos ainda não pararam de rir.

Com o fim de agradar aos aliados israelitas, que sonham do Grande Israel, o que supõe de retirar a Síria do mapa, os americanos pediram aos Russos de se aliarem a eles para derrubar Assad. Os Russos disseram “Niet”. (E as nossas bases no Mediterrâneo ?)…

E John Kerry passa a vida a viajar para Moscovo. E os americanos continuam a ajudar em armas e finanças os terroristas de Daesch e estão preocupados com a eventual queda do Estado Islâmico. E Israel também. Que importam os atentados na Europa?

Os EUA disseram aos Britânicos, não votem o Brexit! Obama deslocou-se mesmo a Londres para ajudar Cameron ! Mas os Britânicos disseram “Niet” aos americanos.

Os EUA querem que aceitemos o TTIP, esse horror que nos obrigaria a comer frangos do Maryland às hormonas, carne de boi do Texas contaminados, a só ver filmes de Hollywood. Mas os Franceses dizem “Niet”. E eu que sou português também digo “Niet”.


Sabe Caro Amigo Dr. Cirilo: O efeito psicológico do “Niet” sobre a psicologia hegemónica estado-unidense não pode ser subestimada e é aqui que reside o perigo para a Humanidade.

Se supostamente se deve pensar e agir como um hégemon mas onde só a parte “pensar” funciona, o resultado é a dissonância cognitiva. Se o trabalho é intimidar as nações à volta, e que as nações recusam de o ser, o trabalho transforma-se numa anedota e então vira doença mental.

A folia que resulta resultou recentemente num sintoma interessante: alguns membros do departamento de Estado estado-unidense, assinaram uma carta – que apresentou rapidamente algumas “fugas”- apelando a um bombardeamento contra a Síria para derrubar Assad. Voilà os diplomatas américanos§ E é aqui que as nossas vidas estão hipotecadas.Trump ou Hillary, mesmo perigo à vista.

Desculpe a extensão do texto! E boas férias, caro Amigo.

Joaquim de Freitas disse...

Desculpe so mais um ponto : Não podemos esquecer que Hillary foi o chefe da diplomacia americana, antes de Kerry, no governo Obama, e que lhe “devemos” o caos líbio, quando ordenou à NATO de destruir um regime laico, que combatia Al Qaïda, mantinha os islamistas em respeito, não ajudava os migrantes a correr para a morte no Mediterrâneo e, se não era uma democracia, era um país organizado. Posso garantir que não corri nenhum risco quando lá estive. Hoje é o caos.

Hillary votou com George Bush a invasão do Iraque. Um milhão de mortos, dois? Ninguém sabe ao certo. E sobretudo, pariu o Estado Islâmico. Os mortos do Bataclan, Paris, Nice, Munique, etc.

luis cirilo disse...

Caro Joaquim de Freitas.
Já sabe que neste espaço pode escrever os textos com a extensão que quiser porque tenho sempre imenso prazer em lê-los e prezo imenso as suas opiniões mesmo aquelas de que pontualmente discordo.
Neste caso das eleições americanas creio que nenhum dos candidatos é o ideal.
Mas mesmo assim há diferenças enormes entre eles que me fazem preferir Hillary Clinton a Trump.
Como por exemplo constatar que no século 21 ainda existam politicos candidatos a cargos de tão grande responsabilidade que pensem que se resolvem problemas com a construção de muros!
É não conhecer a História e não saber o quanto sofrimento os muros já causaram nomeadamente na Europa.
Por outro lado sei que o eleitor americano vê o mundo e as eleições de forma muito própria que o leva a considerar bom aquilo que a nós europeus parece notoriamente errado.
Como por exemplo o próprio sistema eleitoral americano.
Que permite que o candidato presidencial mais votado ,em termos de voto popular,não seja eleito presidente se esse voto não resultar na eleição da maioria dos grandes eleitores.
Já viu o que o mundo teria evitado se em 2000 o mais votado pelo povo-Al Gore- tivesse sido Presidente em vez de George W. Bush?
Os EUA perderam o que poderia ter sido um grande presidente e o mundo teria evitado a tragédia iraquiana.
Por isso caro amigo prefiro Hillary.
Com todos os defeitos e inconvenientes é de longe o mal menor.

Joaquim de Freitas disse...

Exacto, o mal menor. Mas eu, que conheço bastante bem os EUA e muitos americanos, considero que Trump, apesar da loucura que o afecta, faria talvez menos mal com os seus modos grosseiros que Hillary no que respeita a politica estrangeira.E digo-lhe francamente, Caro Amigo, Hillary é de sangue frio como as viboras! A maneira como enviou à morte o seu proprio embaixador na Libia, e tudo o que ela provocou, prova bem que ela é capaz de tudo "friamente " ,"de maneira calculada". Obrigado pour me acolher no seu blogue! e de abusar um pouco . Abraço.

luis cirilo disse...

Caro Joaquim de Freitas:
Não tenho a mínima duvida que Hillary é uma pessoa tremendamente calculista e que sabe muito bem o que quer e por onde vai. Isso até na sua vida particular foi bem patente no chamado caso "Mónica Lewinsky". Agora também acho que está mais bem preparada do que Trump para ser presidente dada a experiência politica que ela tem e ele não. Aguardemos.
Na certeza de que os americanos decidirão de acordo com o que lhes interessa e não como a Europa desejaria.