quarta-feira, junho 15, 2016

"Portugalidades"...

Somos como somos.
O pais das euforias e das depressões, dos amores e dos ódios, da transformação de entusiasmos ilimitados em pessimismos sem fim.
Ontem assim foi uma vez mais.
E bem à portuguesa é nos momentos piores que se alia uma ânsia de encontrar responsáveis com uma inveja mal camuflada por aqueles portugueses que tem sucesso e conquistam êxitos que lhes dão reconhecimento internacional.
Ontem, das redes sociais ao café à beira de casa onde fui no fim do jogo, para muitos o culpado do empate desolador com a Islândia estava encontrado.
Ronaldo.
Não os erros estratégicos e tácticos do seleccionador, não o sub rendimento de jogadores que não mereceram a titularidade (Pepe e Moutinho à cabeça), não o meio campo que não carburou ou a defesa que falhou estrepitosamente no golo islandês.
Nem sequer foi levado em conta que pese embora uma exibição insuficiente Portugal foi a selecção que mais rematou (apenas uma vez bem mas também há mérito em tentar) em todos os jogos até agora realizados neste Europeu e Ronaldo contribuiu para isso.
Não.
Importava era responsabilizar Ronaldo por não termos ganho.
Com as acusações habituais de que só joga no Real Madrid, que não está em forma, que não joga para a equipa entre outras em que o comentador que há em cada adepto sempre encontra para culpabilizar individualmente insucessos colectivos.
Tudo falso.
Porque Ronaldo não tendo feito um grande jogo (e naquele famigerado 4-4-2 dificilmente o fará) foi ainda assim dos melhores portugueses e aquele que mais perigo criou para a baliza adversária quer rematando quer assistindo colegas como naquele passe para cabeçada de Nani que o guarda redes defendeu quase miraculosamente.
E por isso é falso e injusto culpá-lo pelo empate.
Tivesse toda a equipa rendido o que ele rendeu e a sorte teria sido outra.
E de uma coisa podemos estar todos certos incluindo os invejosos e os intolerantes para quem é muito bom como o capitão português:
Tudo que de bom Portugal possa fazer neste Europeu só pode ser feito com Ronaldo.
Porque é ele o único capaz de fazer a verdadeira diferença entre uma boa equipa e uma equipa capaz de ser candidata a alguma coisa.
Depois Falamos.

P.S. Ontem no estádio havia uma imensa maioria de adeptos portugueses em número que mais que triplicava os islandeses.
Foi uma pena não se ter dado por isso ao longo do jogo!

6 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Ronaldo teve grande presença e "mobilizou" recursos do adversário. Se lá não estivesse, o resultado seria outro bem pior. A sua análise do "rendimento" da equipa corresponde ao que se via no terreno. Abraço.

luis cirilo disse...

Caro Joaquim de Freitas:
Em duas frases o meu amigo caracterizou magnificamente os "serviços mínimos" de Ronaldo neste jogo.
É claro que sem Ronaldo o resultado seria pior. Porque a sua presença em campo contribui para manter o adversário em respeito.Abraço

iur.vsc disse...

Bom dia Caro Cirilo,

Apenas para deixar dois comentários ao seu texto, infelizmente tão acertado:

1) Em relação "à culpa do Ronaldo", embora aceitando, nem de outra forma poderia ser, que haja muita gente a não gostar do homem (eu pessoalmente também não aprecio muito certas atitudes), não consigo perceber o facto "tão Português" de haver tantos críticos a um jogador excecional e que leva tantas vezes a equipa ao colo. Que ele não rende tanto na seleção como rende no clube, é verdade, mas isso deve-se a vários fatores a começar pelo sistema tático adotado e tão diferente nas duas equipas. Há até quem diga que a seleção é melhor sem o Ronaldo do que com ele. Vamos lá perceber isto...
2) Quanto aos adeptos, esse facto não me surpreende em nada. Nós somos assim. Apoiamos quando a equipa está a ganhar; ficamos calados quando a equipa mais precisa de apoio. É a nossa mentalidade. Nós em Guimarães ainda conseguimos ser um pouco diferentes, mas nem tanto quanto deveríamos, penso eu.

Saudações Vitorianas
Rui

luis cirilo disse...

Caro Rui:
Gostos não se discutem. Eu no Ronaldo, como em qualquer jogador, limito-me a apreciar as qualidades futebolisticas e a postura profissional. Como ele é ou deixa de ser na sua vida particular não me interessa rigorosamente nada. Futebolisticamente é excepcional e tal como diz não são poucas as vezes que leva a equipa ás costas e contribui decisivamente para o apuramento para fases finais. Basta lembrar um certo play off com a Suécia a titulo de exemplo. Naturalmente que ele em Madrid joga num sistema táctico que lhe é perfeitamente adequado enquanto na selecção é vítima (sem aspas) de um seleccionador medroso e que não percebe que Portugal não pode jogar como a Grécia.
Acresce o facto de ele em Madrid ter jogadores (Benzema, Bale, Modric, Kroos, Marcelo) de uma qualidade que na selecção não existe e que o "dispensam" de ter de andar quase sempre com a equipa ás costas.
Infelizmente há quem não queira ver isso.
Quanto aos adeptos é como diz. Muita parra e pouca uva! Mil promessas de apoio antes do jogo, "certezas" de um grande ambiente e depois ficam calados a verem os adeptos islandeses a tomarem conta da "festa".
Em Guimarães somos realmente algo diferentes para melhor. Podíamos ser mais,é verdade, mas há o cansaço natural a tantas desilusões que temos sofrido

Joaquim de Freitas disse...

Em Saint Etienne, ao meu lado, havia quatro espanhóis do Real, que vieram de Madrid ver o jogo. Os voos “low cost” permitem hoje deslocações facilmente! Eles diziam exactamente, quase com as mesmas palavras o que o meu Amigo escreve : “ Se Ronaldo tivesse ao seu lado os outros tais colegas do Real, os Islandeses teriam cedido tudo na primeira parte... Nada é comparàvel neste caso!

luis cirilo disse...

Caro Joaquim de Freitas.
O futebol é um desporto de equipa. E claro que quanto melhor for o colectivo mais espaço há para o brilho individual. É o que acontece com Ronaldo no Real Madrid e Messi no Barcelona.
Se nas suas selecções o colectivo não é tão valioso (e não é) é natural que eles tenham menos espaço para fazerem a diferença. O que não significa que não continuem a ser grandes jogadores ou que não dêem o seu melhor. Simplesmente o contexto é outro.
É pena que algumas pessoas não vejam isso mas já sabemos que o futebol é o "reino " dos exageros e das paixões exacerbadas